Como é feito o diagnóstico do autismo? Entenda os principais mecanismos utilizados no Brasil
- Suely Oliveira
 - 25 de jun.
 - 5 min de leitura
 
Atualizado: 30 de jun.
O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um processo clínico complexo que envolve observação cuidadosa, entrevistas com a família e testes específicos realizados por profissionais especializados.

Por isso, identificar o autismo precocemente faz toda a diferença para garantir intervenções adequadas e melhorar o desenvolvimento da criança.
Neste artigo, você vai entender quais são os principais mecanismos de diagnóstico do autismo, quais sinais de alerta observar e como a AMAFV contribui nesse processo.
O que é o TEA?
O Transtorno do Espectro Autista é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, o comportamento e a forma como a pessoa interage com o mundo ao seu redor.
Dessa forma, é importante considerar que os sintomas do autismo podem variar bastante entre os indivíduos, por isso o termo "espectro" é utilizado.
Sinais de alerta observados na infância
Alguns comportamentos podem indicar a necessidade de uma avaliação mais aprofundada. Os principais sinais incluem:
Dificuldade em manter contato visual;
Atrasos na fala ou linguagem;
Falta de interesse em interações sociais;
Movimentos repetitivos (como balançar as mãos ou o corpo);
Resistência a mudanças de rotina;
Hiperfoco em objetos ou interesses específicos;
Assim, é importante orientar que tais sinais não, necessariamente, confirmam o diagnóstico, mas funcionam como um alerta importante para buscar ajuda especializada.
Mecanismos clínicos e instrumentos utilizados no diagnóstico do autismo
O diagnóstico do autismo não é feito por meio de exames laboratoriais.
Ou seja, isso significa que o processo de identificação do autismo é clínico e baseado na análise comportamental, seguindo os critérios definidos no CID-11 e no DSM-5.
Logo, entre os principais recursos e ferramentas utilizadas, destacam-se:
1. Entrevistas estruturadas com os responsáveis
O primeiro passo na avaliação diagnóstica do autismo costuma envolver entrevistas detalhadas com os pais ou cuidadores.
Nesses encontros, os profissionais coletam informações sobre o desenvolvimento da criança desde os primeiros meses de vida.
São investigados aspectos como:
Quando a criança começou a balbuciar e falar palavras;
Como se deu o contato visual e o interesse por interações sociais;
Reações a mudanças na rotina;
Preferências e comportamentos repetitivos;
Desenvolvimento motor e cognitivo;
Logo, essas entrevistas seguem roteiros estruturados e cientificamente validados, o que ajuda a identificar sinais precoces de TEA e a diferenciar o autismo de outras condições do neurodesenvolvimento.
Como os responsáveis são as pessoas que mais convivem com a criança, suas percepções são fundamentais para um diagnóstico preciso.
2. Observação direta da criança
Após a entrevista, os profissionais realizam a observação direta da criança em situações planejadas e espontâneas.
O objetivo é analisar, na prática, como ela se comporta em relação ao ambiente, às pessoas e aos estímulos ao redor.
Durante a observação, são avaliados aspectos como:
Capacidade de manter contato visual;
Forma de brincar (imaginativa ou repetitiva);
Respostas ao ser chamado ou solicitado;
Iniciativa para interagir com outras pessoas;
Maneira de se comunicar, seja verbalmente ou por gestos;
Essa etapa é essencial para compreender o funcionamento social, emocional e comunicativo da criança.
Além disso, quando combinada com a entrevista, permite uma análise mais completa do quadro clínico e contribui para um diagnóstico mais seguro e personalizado.
3. Instrumentos padronizados
Além da observação clínica e das entrevistas com os responsáveis, existem ferramentas específicas desenvolvidas para tornar o processo de diagnóstico do autismo mais preciso e confiável.
Esses instrumentos são padronizados, ou seja, seguem protocolos estruturados e validados cientificamente. Veja os principais:
ADI-R (Entrevista Diagnóstica para Autismo Revisada): É uma entrevista realizada com os pais ou cuidadores da criança, conduzida por um profissional treinado. O objetivo é obter um relato detalhado sobre o desenvolvimento da linguagem, a interação social, os comportamentos repetitivos e o histórico da criança desde os primeiros anos de vida. É indicada principalmente para crianças acima de 2 anos e pode levar algumas horas para ser aplicada.
ADOS-2 (Escala de Observação para Diagnóstico do Autismo): Trata-se de uma avaliação estruturada em que o profissional observa diretamente a criança em situações planejadas, como brincadeiras, conversas e respostas a estímulos. O ADOS-2 analisa a comunicação, o comportamento social e a criatividade de forma padronizada. É considerada uma das ferramentas mais confiáveis para confirmação diagnóstica do TEA.
M-CHAT (Modified Checklist for Autism in Toddlers): É um questionário de triagem voltado para crianças entre 16 e 30 meses. Pode ser preenchido pelos pais e avalia sinais precoces de autismo, como falta de resposta ao nome, pouco contato visual e ausência de interesse por interações sociais. Embora não confirme o diagnóstico, o M-CHAT identifica crianças que devem ser encaminhadas para avaliação mais detalhada.
Dessa forma, esses instrumentos são fundamentais porque aumentam a precisão do diagnóstico, reduzem a subjetividade e ajudam a diferenciar o TEA de outras condições do neurodesenvolvimento.
Quando aplicados por profissionais capacitados, contribuem para uma avaliação mais segura e embasada.
Equipe multidisciplinar no processo de avaliação do TEA
O diagnóstico do autismo exige a participação de uma equipe multidisciplinar, já que o TEA afeta diferentes áreas do desenvolvimento.
Dessa maneira, cada profissional contribui com um olhar específico, garantindo uma avaliação mais completa e precisa. Veja a seguir os principais ajudantes nos cuidados do autismo:
Pediatra ou neuropediatra: Identifica os primeiros sinais e faz os encaminhamentos iniciais para avaliação especializada.
Psicólogo: Avalia o comportamento, a cognição e as habilidades sociais, aplicando instrumentos clínicos e testes padronizados.
Fonoaudiólogo: Analisa a comunicação verbal e não verbal, além de dificuldades na linguagem e na interação.
Terapeuta ocupacional: Observa como a criança lida com estímulos sensoriais e realiza atividades do cotidiano.
Psiquiatra infantil (quando necessário): Auxilia em casos complexos, especialmente quando há suspeita de comorbidades ou necessidade de medicação.
Consequentemente, essa atuação conjunta permite um diagnóstico mais seguro e orienta melhor as estratégias de intervenção para cada criança.
A importância do diagnóstico precoce
Quando o autismo é identificado nos primeiros anos de vida, é possível iniciar intervenções mais cedo, o que melhora significativamente as habilidades sociais, comunicativas e cognitivas da criança.
Sendo assim, o diagnóstico precoce também reduz o impacto do TEA ao longo da vida.
Como a AMAFV pode ajudar?
A AMAFV oferece suporte integral para famílias que buscam diagnóstico e acompanhamento para crianças com suspeita de autismo.
Felizmente, a instituição conta com equipe qualificada e protocolos de triagem que garantem acolhimento, orientação e encaminhamento adequado para cada caso.
Por isso, se você tem dúvidas ou observa sinais diferentes no comportamento do seu filho, entre em contato com a AMAFV. A informação e o apoio fazem toda a diferença.
Caso você sinta de fazer uma doação para a nossa associação, ajudando no tratamento voltado ao desenvolvimento e autonomia de pessoas com autismo, clique aqui.




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