Cuidados que a mãe atípica necessita: onde entram as políticas públicas?
- Suely Oliveira
- há 2 dias
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Ser mãe é um ato de amor e entrega, mas ser mãe atípica, ou seja, mãe de uma criança com deficiência ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é vivenciar um cotidiano repleto de desafios emocionais, físicos e sociais.

Essas mulheres exercem múltiplos papéis: cuidadoras, terapeutas, mediadoras, gestoras do lar e, muitas vezes, principais responsáveis pelo sustento da família.
No entanto, o apoio que recebem ainda é insuficiente, tanto em termos de acolhimento social quanto de políticas públicas efetivas.
O que a mãe atípica realmente precisa?
Mais do que reconhecimento, a mãe atípica precisa de rede de apoio.
Isso inclui descanso, suporte psicológico, orientação profissional e condições dignas para equilibrar cuidado e autocuidado.
Os principais cuidados que ela necessita envolvem:
Apoio emocional e psicológico, para lidar com a sobrecarga e prevenir o esgotamento;
Tempo para si mesma, com serviços de apoio temporário que possibilitem pausas;
Grupos de convivência e escuta, que ofereçam acolhimento e trocas de experiências;
Orientação sobre direitos e benefícios, como BPC (Benefico de Prestação Continuada), transporte gratuito e acesso a terapias.
A falta desses recursos leva ao isolamento, culpa e esgotamento, o que reforça a necessidade de políticas específicas.
Onde entram as políticas públicas?
As políticas públicas voltadas para pessoas com deficiência e TEA precisam incluir também o olhar sobre quem cuida.
O Brasil já conta com marcos importantes, como a Lei nº 12.764/2012 (Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista) e a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015).
Entretanto, ainda há um grande vazio quando se trata do cuidado com o cuidador.
É necessário investir em:
Programas de saúde mental específicos para mães atípicas;
Políticas de empregabilidade flexível, que permitam conciliar trabalho e cuidado;
Apoio financeiro e social contínuo, para famílias em vulnerabilidade;
Capacitação dos serviços públicos, para que profissionais de saúde e educação saibam acolher essas mães sem julgamento.
Sem esse olhar integral, o cuidado se torna um fardo solitário, e o bem-estar da família fica comprometido.
O papel da AMAFV nesse acolhimento
Na AMAFV, entendemos que o cuidado com a criança autista começa também pelo cuidado com a mãe.
Por isso, além das terapias voltadas ao desenvolvimento do TEA, oferecemos acolhimento, escuta e orientação para mães e familiares.
Acreditamos que quando a mãe se sente fortalecida, toda a rede ao redor da criança floresce.
Nosso compromisso é continuar lutando por políticas públicas mais humanas, que reconheçam o valor de quem cuida e garantam suporte real às famílias atípicas.
Além disso, aqui na AMAFV, o trabalho se estende para além do atendimento imediato.
As mães e familiares contam com apoio psicológico permanente e individualizado, que garante um espaço seguro de escuta e fortalecimento emocional.
Há também assistência social contínua, voltada à escuta sensível e aos encaminhamentos adequados junto aos órgãos competentes, conforme as necessidades de cada família.
Somam-se ainda suportes jurídicos direcionados, assegurando orientação e proteção dos direitos envolvidos.
Trata-se de uma rede de afeto, responsabilidade e amparo contínuo - porque ninguém deve caminhar sozinho diante de desafios tão sensíveis.
