Mercado de trabalho e TEA: desafios e oportunidades
- Suely Oliveira
- 15 de set.
- 3 min de leitura
O mercado de trabalho TEA ainda enfrenta muitos obstáculos no Brasil e no mundo.

Barreiras de comunicação, preconceitos e ambientes pouco preparados dificultam a inclusão, mas também revelam a urgência de criar oportunidades que respeitem a singularidade e valorizem talentos diversos.
Nos últimos anos, o debate sobre inclusão ganhou espaço em diferentes setores da sociedade.
Quando falamos de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a inserção no mercado de trabalho ainda é um grande desafio, mas também uma oportunidade de transformação social.
Afinal, cada vez mais empresas reconhecem o valor da diversidade e buscam formas de acolher profissionais neurodivergentes, oferecendo condições justas de desenvolvimento e participação.
O mercado de trabalho TEA: qual é a realidade atual?
Apesar dos avanços em políticas públicas e discussões sobre acessibilidade, muitas pessoas com TEA enfrentam barreiras significativas ao buscar emprego. Entre os principais desafios estão:
Falta de informação e preconceito por parte de empregadores e colegas.
Processos seletivos excludentes, que priorizam entrevistas convencionais e deixam de lado diferentes formas de comunicação.
Ambientes de trabalho pouco adaptados, com excesso de estímulos sensoriais ou ausência de rotinas estruturadas.
Ainda assim, iniciativas inclusivas têm crescido.
Ou seja, programas de diversidade corporativa e leis de cotas já abriram espaço para que pessoas com TEA ingressem em diferentes áreas, mostrando seu potencial produtivo e criativo.
O que dizem as pesquisas e os números atuais?
População com TEA no Brasil: O Censo 2022 identificou 2,4 milhões de pessoas autistas (≈ 1,2% da população). Maior prevalência entre meninos e no grupo de 5 a 9 anos (2,6%).
Emprego e subinclusão: Estimativas indicam que até 85% dos adultos autistas estão desempregados no Brasil (dado citado em Você RH, 2024). Falta estatística oficial específica para TEA.
Mercado formal PcD (geral): O eSocial/MTE registrou 545,9 mil trabalhadores PcD/reabilitados empregados formalmente em jan/2024 — mas não há recorte específico para TEA.
Leis de proteção:
Lei 12.764/2012 – “Lei Berenice Piana”: reconhece a pessoa com TEA como PcD para todos os efeitos legais.
Lei 8.213/1991, art. 93: empresas com ≥100 empregados devem reservar 2%–5% das vagas a PcD.
Decreto 9.508/2018: mínimo de 5% das vagas em concursos públicos reservadas a PcD.
Lei 14.992/2024: medidas específicas para ampliar a empregabilidade de pessoas com TEA, integrando SisTEA e Sine, além de ações de sensibilização.
Concursos públicos: Há registros de autistas aprovados que enfrentaram barreiras na perícia biopsicossocial, sendo necessário recorrer à Justiça para garantir a posse.
Apesar da base populacional sólida (IBGE) e do arcabouço legal robusto, faltam indicadores oficiais sobre empregabilidade de pessoas com TEA.
Na prática, muitas famílias ainda relatam barreiras em entrevistas, perícias e concursos, mostrando a necessidade de políticas mais efetivas de inclusão e monitoramento real dos dados.
Por que investir na inclusão?
A inclusão de pessoas com TEA no mercado de trabalho vai além de cumprir obrigações legais, mas despertam:
Valor humano: cada indivíduo tem talentos únicos que podem contribuir para equipes mais inovadoras.
Desenvolvimento social: oferecer oportunidades de trabalho fortalece a autonomia e a qualidade de vida.
Benefício para empresas: equipes diversas tendem a ser mais criativas e resilientes, além de melhorarem a imagem institucional.
Boas práticas para empresas
Para que a inclusão aconteça de forma real e não apenas simbólica, algumas práticas também são fundamentais para fazer a diferença:
Processos seletivos adaptados: considerar entrevistas práticas, dinâmicas e avaliações que respeitem diferentes formas de comunicação.
Ambientes de trabalho estruturados: organização clara de tarefas, rotina previsível e espaços com menos estímulos sensoriais.
Capacitação de equipes: treinamentos sobre neurodiversidade ajudam a reduzir preconceitos e promovem um ambiente de respeito.
Apoio contínuo: acompanhamento por profissionais de RH, psicólogos e tutores pode facilitar a adaptação do colaborador.
O papel da sociedade e da família
A inclusão não é responsabilidade apenas das empresas.
Assim, tanto a família, como os profissionais de saúde e a própria sociedade precisam estar engajados em promover a autonomia das pessoas com TEA.
Isso envolve estimular desde cedo habilidades de comunicação, independência e socialização, preparando o jovem ou adulto para vivenciar experiências de trabalho com segurança.
Seja um agente de transformação da inclusão!
Falar sobre mercado de trabalho e TEA é lembrar que a inclusão é uma construção coletiva.
Por isso, quando empresas, famílias e sociedade se unem para derrubar barreiras, abrem-se caminhos para um futuro em que o talento e a singularidade de cada pessoa sejam valorizados.
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